Premio e Castigo na Educação*
Antonio Rojas
Tradução Valter de Oliveira
1. As naturezas inferiores sentem repugnância do castigo merecido, as medianas se resignam com ele, as superiores o invocam (Arturo Graf).
Castigar não está na moda, como tampouco está na moda promover o valor do esforço e, entretanto, quantos maus hábitos se poderiam evitar com um castigo, com uma correção feita a tempo!
Ainda dou risada quando me lembro de uma conversa com meu amigo Juan de Dios, Juande.
– Você não fuma, Juande?
– Não, na única vez que fumei fiquei com as orelhas doendo.
– Desde quando fumar dá dor nas orelhas?
– É simples. Se você visse o puxão de orelhas que meu pai me deu!
2. Castigar não está na moda, como tampouco está na moda exigir o valor do esforço. Entretanto, quantos maus hábitos se poderiam evitar com um castigo, com uma correção feita a tempo!
3. A experiência de anos da aceitação deste falso pressuposto educativo demonstra que não ajudamos aos jovens quando, movidos pela compaixão, lhes negamos toda correção verdadeiramente eficaz. A vida vai se encarregar de vingar o delito tão mais severamente quanto for a ligeireza com que o tenhamos encarado.
4. Em nossa sociedade débil e permissiva não se leva em conta “a primeira vez”. Ora, é precisamente tratar de modo superficial a primeira falha que abre o caminho para o abismo.
5. Encarar despreocupadamente a primeira manifestação do vício vai contra todas as regras da verdadeira guia dos homens”. (Enrique Pestalozzi)
6. O premio e o castigo, razoavelmente equilibrados, sempre serão uteis e necessários. O homem não é um anjo, nem a criança, nem o adolescente.
7. Quem não vê o que significa o castigo para a educação moral, sonha com os olhos abertos… Crer que sem castigo se pode obter algo bom, é desconhecer a dinâmica da alma (Dom Bosco).
8. O conceito de castigo é tão amplo como o de prêmios. Os castigos aparecem como algo inevitável na situação educativa, na mesma medida que parece inevitável que em algum momento o educando se desvie do caminho traçado e que é necessário reconduzi-lo a ele. Nem as pedagogias mais utópicas conseguiram prescindir de contemplar a necessidade de castigo. E a ausência total de castigos que algumas famílias (1) proclamam como medida desejável, pode ter efeitos muito negativos sobre a constituição da personalidade social dos educandos.
9. Sem dúvida os prêmios e castigos são atitudes que devem ser situadas no contexto de cada momento e lugar, ainda que de modo geral se recomendem prêmios não materiais para evitar que o mero premio seja o mais desejável na situação pretendida. Um premio é uma palavra amável, um sorriso, um elogio. Tenha-se em conta, porém, que a abundancia de prêmios causa saturação e acabam perdendo seu possível efeito positivo, assim a dose acertada e a prudência deverão sempre presidir a aplicação de prêmios e castigos.
10. É bom, educativo e saudável que a criança e o jovem percebam que não dá na mesma fazer o bem ou fazer o mal. E se não há premio nem castigo, não é fácil compreender a diferença.
11. Uma boa educação é a que ensina às crianças e aos jovens que na vida, quando fazemos o mal, “irão nos doer as orelhas”.
Notas:
* O subtítulo é do site.
1. Não só as familias mas também teorias pedagógicas e psicológicas.
2. Johann Heinrich Pestalozzi (Zurique, 12 de janeiro de 1746 — Brugg, 17 de fevereiro de 1827) foi um pedagogista suíço e educador pioneiro da reforma educacional.
3. S. João Bosco: fundador dos salesianos.
FONTE: ALMUDI.ORG