01/06/2012
NOVA IORQUE, 1 de junho (C-FAM) Um pesquisador médico chileno publicou um estudo histórico sobre a conexão entre a disponibilidade do aborto e saúde materna. Ele constatou que o aborto legal não contribui para a saúde materna e mostrou isso usando dados volumosos da vasta história médica do Chile.
O Instituto Alan Guttmacher, fundado pela Federação de Planejamento Familiar, tentou desiludir o estudo e alguns dizem que no processo prejudicou sua própria credibilidade.
Guttmacher afirma que o documento chileno não estava em coerência com a maioria da literatura publicada em revistas médicas com a avaliação de outros especialistas. O pesquisador, Dr. Elard Koch, epidemiologista na faculdade de medicina da Universidade do Chile, rebateu que os estudos avaliados por outros especialistas são em si imperfeitos porque se apoiam em grande parte em dados não científicos tais como análises. Em contraste, Koch disse que seu próprio estudo se apoia exclusivamente em métodos científicos e excepcionalmente nos dados de elevada qualidade do Chile.
A refutação de Koch ao Guttmacher também revela como os pesquisadores do Guttmacher desconhecem os fatos que envolvem o aborto e a saúde materna em muitos países e não apenas o Chile. Por exemplo, Guttmacher reiterou sua suposição básica de que as mulheres rotineiramente mentem sobre ter abortos e não buscam assistência pós-aborto em países em que o aborto é ilegal. Koch observou os registros impecáveis do Chile nesse aspecto e chamou o ataque do Guttmacher de “incoerente e preconceituoso”, notando que a falta de “estrito rigor científico” levou o Guttmacher muitas vezes a obter estatísticas erradas de aborto na América Latina.
O estudo chileno revelou que depois que o aborto foi proibido em 1989, o índice de saúde materna diminuiu praticamente em 70% nesse país. O que é extraordinário acerca do estudo chileno é que pôde analisar registros detalhados dos períodos antes e depois da restrição legal, algo que nenhum outro estudo pôde usar. A crítica do Guttmacher nada disse nesse ponto.
A análise do Guttmacher evitou completamente a principal descoberta do estudo. Durante um período de 50 anos de 1957-2007, o índice de mortalidade materna no Chile diminuiu 93,8%. O que importava mais, o estudo revelou, eram as melhorias no nível educacional das mulheres. Isso ajudou as mulheres a se aproveitarem de outras melhorias tais como melhores programas de assistências pré-natal, mais partos feitos por atendentes profissionais, água limpa e acesso a esgotos sanitários.
O estudo revelou que a educação das mulheres é tão importante que pode ter um efeito modulador nos outros fatores que antes se cria eram os mais importantes nas projeções de índices de mortes maternas, tais como o índice total de fertilidade de um país.
Esse é o segundo indicador de fendas no rigor do sistema internacional de pesquisa de saúde materna numa semana. O relatório recentemente lançado pela Organização Mundial de Saúde sobre saúde materna tacitamente reconheceu a primazia metodológica de outro grupo de pesquisadores independentes, da Universidade de Washington, sobre os pesquisadores da ONU com relação às tendências globais na mortalidade materna.
Tradução: Julio Severo