Valter de Oliveira
Na semana passada escrevi:
“Líderes do MTST ocupam terrenos e imóveis desocupados.
Um dos líderes do movimento, Guilherme Boulos, que não tem nada de trabalhador, quer uma alternativa socialista para o problema de habitação (4). Como de praxe é mais um burguês preocupado com os pobres. Deve fazer sucesso”…
Em poucos dias minha afirmação foi confirmada. Gilberto Carvalho, Chefe da Casa Civil do Governo Dilma, fez um acordo com Guilherme Boulos, chefe do MTST garantindo a ele terras e moradia em área de São Paulo. Em troca, bondosamente, os invasores do terreno do Parque do Carmo, se comprometiam a não atrapalhar a Copa. Vejam a notícia:
SÃO PAULO – A dois dias da Copa do Mundo, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, anunciou nesta segunda-feira, 9, um acordo com o governo federal e o fim das manifestações contra o Mundial em São Paulo. “Encerramos nossa jornada com a vitória da mobilização das ruas e com nossa pauta completamente atendida”, resumiu o líder da entidade (…)
Para arrefecer os ânimos dos movimentos de moradia, o governo federal promete mudar o Programa Minha Casa Minha Vida e financiar a construção de duas mil moradias no terreno onde está a Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, zona leste. (…)
As entidades também vão poder construir de forma simultânea quatro mil apartamentos do programa do governo federal – hoje esse limite é de mil unidades. A Secretaria-Geral da Presidência confirmou as mudanças e o acordo com o MTST.
“As moradias serão erguidas no terreno da Copa do Povo pela própria Construtora Viver, que é a dona da área. Portanto, não haverá necessidade de a Prefeitura gastar dinheiro com desapropriação. Agora, só falta a Câmara Municipal aprovar o Plano Diretor e mudar o zoneamento da área do terreno, para transformar a área em Zeis (Zona Especial de Interesse Social)”, afirmou Boulos. (1)
É isso aí amigos. Invadir propriedades conta com o apoio do governo federal, como denunciamos. Ah! O prefeito Haddad também vai ajudar. Diz a notícia que ele “pressiona os vereadores a apoiar as mudanças no Plano Diretor de modo a contemplar os invasores”.
Boulos, Dilma e Haddad
Aqui está mais uma loucura: o governo federal faz um acordo com o MTST e concorda em ceder a eles um terreno na cidade de São Paulo para que construam moradias.
Ora, a lei atual não permite tal tipo de construções no terreno. A menos que sejam feitas mudanças no zoneamento. (2) Mudanças que dependem da vontade de nossos vereadores.
Ora, São Paulo é um município autônomo. Não cabe ao Executivo Federal se meter nas atribuições da Câmara Municipal de São Paulo.
Mas como o Sr. Carvalho assim decidiu só podemos concluir que ele julga que nossos vereadores são seus serviçais. Brasília decidiu, São Paulo abaixa a cabeça.
É isso mesmo senhores vereadores? Os senhores vão renunciar à nossa autonomia? Como fica a Constituição? E seus eleitores? E o bem do país?
Não é com desrespeito para com São Paulo e seus representantes, nem com medidas socialistas demagógicas que iremos melhorar a situação dos pobres em nossa cidade. Isso tem de ser feito com racionalidade, verdadeira noção das questões econômicas e sociais, responsabilidade financeira, valores realmente democráticos. É isso que foi feito em todos os países que souberam conciliar uma sadia e ética economia de mercado com a preocupação social e o respeito pela dignidade humana.
Termino pedindo a nossos caros vereadores que lembrem ao ministro Gilberto Carvalho o moto da bandeira de nossa cidade: ”Non ducor, duco”. “Não sou dirigido, dirijo”.
Notas:
1. Veja a notícia completa no Estadão. Clique em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,governo-federal-cede-e-sem-teto-anunciam-fim-de-protesto-contra-copa,1508924
2. Na proposta de Haddad de mudanças no Plano Diretor também seria permitida a construção em áreas de proteção ambiental. Entendem agora porque houve o rápido surgimento de uma “favela” na área do Rodoanel? Foi fruto de uma combinação entre a prefeitura e os movimentos sociais.
Pior: a mesma esquerda que criou toda sorte de obstáculos para a criação da estrada, em nome da ecologia, agora acha razoável que nela tenhamos invasões regularizadas!
Haja incoerência!