Paulo Henrique de Oliveira
“A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros”.
Um dos maiores problemas de compreensão que temos hoje em dia é isso de “Ser de Direita” ou “Ser de Esquerda”. O cara é de extrema esquerda, extrema direita… Fascista! Nazista! Comunista! Marxista! Socialista!
Para descomplicar tudo isso o mestre em História Valter de Oliveira apresentou-me a visão de Norberto Bobbio, escritor e político italiano, que em seu livro “Direita e Esquerda – Razões e significados de uma distinção política” propõe uma imagem de ferradura para explicar a questão. Ele não nos brinda o desenho, então tomei a liberdade de fazer um:
A política é como uma ferradura. Se observarmos bem a Extrema Direita e a Extrema Esquerda estão muito, mas muito próximas. Essa concepção de “lugar” vem lá da Revolução francesa, que começou em 1789, e os revolucionários, na Assembleia, sentavam de acordo com suas posições políticas. Os mais conservadores (monarquistas moderados) à direita e os jacobinos igualitários, à esquerda. No centro ficavam representantes moderados. Hoje diríamos que eram os “em cima do muro”, a famosa “turma do deixa disso”… Difícil de visualizar? Vamos adaptar:
Ao olhar bem vemos que um senta diretamente em frente ao outro. O grupo que tudo observa é o Centro, meio “Maria vai com as outras”. Já as “extremas” obviamente ficam uma de frente para a outra, e vão se enfrentar mais. Difícil ainda? Bobbio que me perdoe, mas tomei a liberdade de criar outra visão que se adequa mais ao Brasil – a de um bracelete:
Olhando atentamente as duas extremas, podemos ver que a direita e a esquerda se sobrepõem. É por isso que, às vezes, nós brasileiros nos confundimos. Ambas tentam parecer mais reluzentes e preciosas que as demais convicções políticas. Ambas têm formatos similares, ideias firmes e atraem certo tipo de pessoa que acredita que um governo poderá resolver todos os problemas do mundo. Por isso devemos sempre ficar atentos. Afinal… Será que tudo que reluz é ouro? Elas tentam atrair as pessoas com promessas fenomenais. Nunca ninguém, em nenhum dos extremos, conseguiu brindar essas joias aos que as buscaram e dedicaram suas vidas por esses ideais. Ambos nos oferecem utopias maravilhosas para todos que querem encontrar uma “luz no fim do túnel”. Será que essa luz existe? A história nos mostra que essas ideologias não levaram o povo à Terra Prometida. Foi exatamente o oposto. É preciso ter cuidado com a luz que seguimos…
De Oliveira
*Paulo Henrique de Oliveira é professor de História, coordenador pedagógico na EE Maya Alice Ekman e diretor da Oliver Empreendimentos Educacionais [email protected]
Fontes:
Bobbio, Norberto – Direita e Esquerda – Razões e significados de uma distinção política – Editora Unesp – 1995 Imagem final: Procurando Nemo – Pixar Animation Studios – 2003 – Imagem de Divulgação E eu com isso? Descomplicando a política – TV Conexão Vale do Ribeira – Paulo Henrique de Oliveira – 11/10/2018