O PROFESSOR E AS TECNOLOGIAS

Ítalo Francisco Curcio

Invariavelmente, ao se abordar esse tema, do envolvimento do professor com as tecnologias, pensa-se logo que o assunto deve enveredar para o uso do computador, da Internet, ou de um outro conjunto de diversos dispositivos eletroeletrônicos.

Obviamente, na sociedade contemporânea atual, estes dispositivos se apresentam com inúmeras possibilidades de uso, porém, sobretudo no âmbito da Educação, embora sejam hoje praticamente indispensáveis, deve-se pensar que não são os únicos a serem utilizados.

A palavra “tecnologia” tem origem no antigo grego, com significado que evoluiu ao longo do tempo. Do Grego, tecnologia deriva de Techné (τέχνη), que quer dizer arte, ofício, “saber fazer”, que é associada a logia (λογία) – logos (λόγος), entendida como estudo.

Por isso, “ao pé da letra”, originalmente, tecnologia pode ser definida como “estudo de um saber fazer”.

Hoje, porém, com a evolução de seu significado, entende-se que tecnologia está associada a um modelo de trabalho que utiliza todo tipo de ferramenta ou dispositivos que podem auxiliar qualquer profissional na facilitação e otimização de sua atividade fim.

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Neste contexto, destacamos a figura do professor, que tem importante papel no ensino e na educação de um ser humano, portanto, na formação de um cidadão.

Ser professor é muito mais que ter conhecimentos específicos, para serem demonstrados a um público. Além de professar estes conhecimentos, ser professor é ser um “ensinante”, como dizia a educadora argentina Alicia Fernández (1946 – 2015), e também um educador. Por isso, é desejável que o professor esteja sempre atualizado em sua contemporaneidade, para desempenhar junto à sociedade seu triplo papel: professar conhecimento, ensinar e educar.

A partir desta reflexão, podemos dizer que o professor tem de estar atualizado o máximo possível acerca da realidade social presente, com vistas para o futuro, nas diferentes áreas do conhecimento, independentemente de sua especialidade, e não se deter, portanto, apenas em seu passado, mesmo que reconhecidamente bem sucedido.

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Na realidade social, destaca-se a disponibilidade tecnológica da época. Se em outros tempos a tecnologia na educação se reduzia à pena, à caneta, ao lápis, à régua, ábaco, “máquinas” de calcular e a outros dispositivos considerados primitivos, posteriormente, vieram a lousa e o giz, o flipchart, a fotografia, a cinematografia, a radiofonia, a televisão, projetor de slides, retroprojetor, videocassete, dentre outros, que se agregaram ao instrumental disponível para o processo educativo.

Atualmente, temos as chamadas novas tecnologias, baseadas em equipamentos eletroeletrônicos digitais, como calculadoras, computadores, tabletes, telefones celulares, que utilizam programas específicos, e algo mais. Todavia, deve-se registrar que ao surgirem novas tecnologias, as anteriores não perdem sua utilidade, seu efeito ou sua validade, pois continuam a compor o rol das tecnologias disponíveis em cada época.

Por isso, reitera-se a importância da constante atualização do professor. Este não pode viver alienado das novas tecnologias, que surgem continuamente, deve sim fazer bom uso delas, incorporando-as nas atividades desenvolvidas em seu cotidiano.

Algo que certas pessoas por vezes aludem é a suposta descaracterização ou desvalorização da docência frente ao uso das novas tecnologias da informação e da comunicação, as novas TICs, como são popularmente conhecidas. Entretanto, minha concepção é outra. Eu penso que as novas tecnologias são sempre bem-vindas. Sabendo-se trabalhar adequadamente, elas chegam para agregar valor e facilitar o aprendizado e a educação do ser humano.

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O que não se pode negligenciar é a atualização do professor com a realidade vivenciada, que deve ocorrer com sua contínua formação e capacitação.

Temores com a “chegada” do ensino a distância, por meio da Internet, disponibilidade de multimídias nas escolas, “lousas inteligentes”, bibliotecas virtuais etc., não procedem, pois a figura do professor é insubstituível e, nesse sentido, não temos o que temer.

A preocupação constante deve ser de o professor estar sempre atualizado, utilizando as novas tecnologias em seu favor, em favor de seu aluno, em favor da educação social.

No processo educativo, onde se tem a formação continuada do professor, didática, pedagogia e educação são os três conceitos inerentes à formação humana – normalmente distinguidos – os quais, juntos, podem ser concebidos como “técnicas de ensino que objetivam a condução do sujeito para o mundo”. Portanto, ao surgirem novas tecnologias, estas se incluem naturalmente, de acordo com suas características e possibilidades de uso.

As novas técnicas ou novas tecnologias, não diminuem a importância do professor e tampouco o valor destes conceitos, ao contrário, os atualizam.

Lembremo-nos da reflexão que nos foi legada pelo chamado “Pai da Pedagogia Moderna”, Comenius (Jan Amos Komenský) (1592 – 1670), há 400 anos: “O ato de ensinar implica em pesquisar o método segundo o qual o professor ensine menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, deve haver menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, deve haver mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso”.

Ítalo Francisco Curcio é doutor e pós doutor em educação e coordenador do curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Fonte: https://www.gazetadigital.com.br/colunas-e-opiniao/colunas-e-artigos/o-professor-e-as-tecnologias/613884?fbclid=IwAR2z5lDKFx0UapKsRDGIqrL6pbagSIgRMrFDJ3Y62mZWEI2H37RM9sUqvsc

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