Sim, há alguns de nós, produtores de cinema, uma expressão que não só se assemelha a demência nestes tempos como também um anátema para a maioria de nossos colegas.
O que nos traz as seguintes questões: Por quê? O que fazemos? Afinal, nós sabemos como fazer dinheiro nesse negócio, nós sabemos como escrever, nós sabemos como propor e como produzir e dirigir filmes de qualidade. Sendo assim, porque sustentar valores e crenças tão desprezados em nossa cidade (Hollywood)? Pior que isso, por que ser dedicado a produzir filmes que refletem tais valores e crenças?
Há uma resposta simples: porque o cinema importa; e agora mais do que nunca.
Como é de conhecimento geral, Hollywood vem sofrendo pesadamente o impacto do Covid- 19. Recentemente, equipes de produção de filmes e TV voltaram ao trabalho, mas os cinemas (salas de projeção) mal conseguem se manter à tona. O que resta a saber sobre a indústria do cinema é como será a normalidade dessa indústria após o Covid. Que tipo de estórias visuais vão emergir dos frangalhos deixados pela pandemia. Será o mesmo de antes? Ou ainda mais à esquerda do que agora? Ou seria demais esperar por novos brotos de inspiração de olhos limpos? Talvez até mesmo a mudança em curso motivada pelo isolamento e todo o tempo para pensar permita-nos ousar e imaginar maravilhas.
Ha precedentes para tal esperança:
Em 1606 a peste bubônica varreu Londres. Os seus imensos e populares teatros foram fechados totalmente, mas dessa devastação surgiram os trabalhos de William Shakespeare tais como: “Rei Lear”, “Macbeth” e “Antônio e Cleópatra”.
Sessenta anos depois, a chamada Peste Negra voltou a paralisar a Inglaterra e durante essa pandemia um estudante da Universidade de Cambridge chamado Isaac Newton saiu da cidade e se refugiou na casa de campo de sua família. Sabiamente, ele se desligou das aulas de seus professores e antes que o ano terminasse ele havia desenvolvido o cálculo avançado, a ótica e a teoria da gravidade.
Coloque esses fatos dentro do contexto de um mundo com cerca de 8 bilhões de habitantes e …quem sabe, haja um gênio ou dois por aí, se preparando para nos encher de espanto e encantamento com suas criações.
” A resposta a todas estas questões é o dinheiro,” como dito pelo âncora da TV Don Ohlmeyer ao repórter Torn Kornheiser do Washington Post.
O inigualável Ohlmeyer que morreu em 2017, com certeza não reconheceria o cenário da mídia e do cinema que se seguiram. Porque naquele mesmo ano Donald John Trump tomou posse como o 45º presidente dos USA – um divisor de águas na história do país, uma imensa barreira se ergueu pela metade do país, o que fez paralisar – por um momento pelo menos – o que a esquerda acreditava ser sua inexorável marcha em direção à total recriação da cultura americana, à sua própria imagem.
Trump, contra todas as previsões eleitorais e os tumultuados 4 anos que se seguiram, atingiu a esquerda radical como um ataque nuclear. Isso foi uma guerra. Integridade foi abandonada, condescendência foi atingida e fúria e ódio aos conservadores e Cristãos afetaram a massa crítica.
E então veio o Coronavírus, pandemia e lockdowns. A esquerda tomou para dentro de seu coração o infame axioma de Rahm Emanuel, (“nunca desperdice uma crise séria”) e se aproveitou de uma circunstância trágica para consolidar seus monopólios nas notícias. Mídia, mídia social e entretenimento, para saquear e reorientar a eleição de 2020 e fechar, ou mesmo calar, toda e qualquer voz de oposição na cultura.
Assim, hoje em Hollywood, como nos últimos quatro anos, dinheiro não é mais a resposta para nossas questões. É de fato um fator mas ocupa um distante segundo lugar atrás da ideologia.
Prova está no nosso último filme, “Unplanned” lançado em 2019. Ele narra a verdadeira conversão de Abby Johnson e sua passada dedicação como diretora das clínicas Planned Parenthood, para superstar ativista pelos não nascidos. É um filme que quisemos fazer por anos. Finalmente conseguimos amealhar os US$6,000,000 necessários para montar um elenco e equipe querendo partir para o sacrifício pessoal e profissional para contar essa comovente história.
Unplanned não foi um simples filme cristão sobre fé e a esquerda aparentemente não quer se dar conta de tantos outros que não foram feitos simplesmente porque não faziam coro à narrativa reinante.
A história de Abby por outro lado retirou a máscara cirúrgica da esquerda e seu sacrossanto ABORTO.
Mas eles não tentaram simplesmente parar nosso filme com demonstrações organizadas, ou palestras sem fim em talk shows, como fizeram com a Paixão de Cristo em 2004. A mídia social nem sequer existia naquela época, nem mesmo celulares e smartphones e seus esforços conseguiram parar a obra prima de Mel Gibson; somente ajudou a render a bagatela de US$600,000,000 de receita bruta de bilheteria no mundo todo. Até hoje ainda é o mais rentável filme classificado como só para adultos, com receita bruta de bilheteria doméstica de US$370,000,000.
Mas hoje, o método é gradual, pérfido, invisível e tecnologicamente sofisticado. Ele funciona assim: se recusa a mencionar qualquer coisa ou fato nos ambientes ou na mídia, fingindo que o filme não existe, e ao mesmo tempo bloqueando sua reprodução e manipulando resultados de busca, colocando marcas e/ou suspendendo contas, usando artimanhas para criar uma negatividade viral e intimidando veículos de comunicação para impedir a mídia impressa ou eletrônica de lhe fazer qualquer tipo (de menção).
Para encurtar a história, as ofensas veiculadas pela alta tecnologia e a mídia social contra ” Unplanned ” foram suficientes para nos convidarem a testemunhar junto ao Senado no sub comitê que investiga o movimento pela supressão do pensamento conservador. Perceba a ironia! Depois de 75 anos das investigações da Câmara Federal para detectar ações antiamericanas (Mackartismo), as coisas viraram de cabeça para baixo e hoje são os conservadores que estão sendo excluídos da opinião pública. Mas desta vez Hollywood não sai em defesa de ninguém por serem eles quem aplaudem a caça às bruxas.
Apesar de todo o esforço contra, Unplanned já registra uma receita bruta de US$20,000,000 e teria sido muito mais se o filme tivesse tido um ambiente de liberdade. E depois do filme ter saído de cartaz nos cinemas, Netflix recusou-se a tê-lo em sua plataforma. Amazon prime o aceitou desde que aceitassem um royalty de um centavo por hora de apresentação, mesmo assim, nos primeiros noventa dias, foi visto por mais de um milhão de vezes *.
Mas no caso em que você pense que eles estão chorando sobre nossas conquistas repense a questão sobre tudo isso. Dê um passo atrás a tudo o que está acontecendo e você verá que há boas notícias. O fato é que a esquerda contava como líquido e certo que prevaleceria na opinião pública, eles não precisariam fazer uso de seu enorme poder para silenciar Cristãos e conservadores. Mas eles sabem muito bem que seus ideais e objetivos, quando explicados e expostos, deixam horrorizados os Americanos de boa consciência e crença no que há de bom em seu país.
É essa realidade que nos mantém motivados por todos os dias e todas as horas. Nós e outros em Hollywood, usando do que sobrou da mídia e mídia social, continuamos a lutar a boa luta, acreditando nos planos de Deus Nosso Senhor para a humanidade e fazendo nossa parte no sentido de trazer luz e verdade aos nossos amigos e compatriotas através do poder do cinema. Esperamos poder falar mais sobre esse assunto em futuras colunas.
Por agora deixamos vocês com algo mais. Durante a Guerra Civil Abraham Lincoln foi perguntado se Deus Nosso Senhor estava do seu lado naquela situação. Ele respondeu:
“Eu não me preocupo em saber se O Senhor está do nosso lado. Minha maior preocupação é estar do lado de Deus, porque Deus está sempre certo”.
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* Cary Solomon e Chuck Konzelman têm escrito e produzido filmes por mais de 30 anos, tendo trabalhado para a Warner Brothers, Paramount, Sony-Columbia e 20th Century Fox.
** Publicado na edição de 2 de abril do Epoch Times
*** Tradução de Jorge Abeid