Valter de Oliveira 07/01/2010
O papa Bento XVI, mais uma vez, adverte-nos sobre uma falsa teologia que afasta os fiéis do verdadeiro encontro com Deus. Teologia que encontrou guarida em muitas comunidades eclesiais.
A advertência mostra claramente que a crise na Igreja não está debelada, como alguns ingenuamente defendem e propagam. O Papa conhece profundamente os males que afligem a parte humana do Corpo Místico de Cristo. Sabe dos problemas que temos no Brasil. Se conclama nossos bispos a serem vigilantes é porque o risco que corremos é ainda grande. Já nos havia afirmado: “a fé está ameaçada em toda parte” (O sal da terra, p. 112)
Transcrevemos abaixo parte do noticiário sobre o tema editado pela Zenit. Os destaques são nossos.
Bento XVI advertiu ontem bispos brasileiros sobre a “autossecularização de muitas comunidades eclesiais”, um fenômeno que é fruto da interpretação equivocada do conceito de “abertura ao mundo” difundido após o Concílio Vaticano II.
O Papa falou aos bispos dos Regionais Oeste 1 e 2 (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, no contexto da visita “ad limina apostolorum”.
Segundo o Papa, “nos decênios sucessivos ao Concílio Vaticano II, alguns interpretaram a abertura ao mundo não como uma exigência do ardor missionário do Coração de Cristo”.
Mas a interpretaram “como uma passagem à secularização, vislumbrando nesta alguns valores de grande densidade cristã como igualdade, liberdade, solidariedade, mostrando-se disponíveis a fazer concessões e descobrir campos de cooperação”.
“Assistiu-se assim -prosseguiu o Papa- a intervenções de alguns responsáveis eclesiais em debates éticos, correspondendo às expectativas da opinião pública, mas deixou-se de falar de certas verdades fundamentais da fé, como do pecado, da graça, da vida teologal e dos novíssimos.”
O pontífice destacou que “insensivelmente caiu-se na autossecularização de muitas comunidades eclesiais”.
“Estas, esperando agradar aos que não vinham, viram partir, defraudados e desiludidos, muitos daqueles que tinham: os nossos contemporâneos, quando vêm ter conosco, querem ver aquilo que não vêem em parte alguma, ou seja, a alegria e a esperança que brotam do fato de estarmos com o Senhor ressuscitado.”
O Papa também disse a nossos bispos que atualmente “há uma nova geração já nascida neste ambiente eclesial secularizado que (…) neste deserto de Deus, (…) sente uma grande sede de transcendência”.
“São os jovens desta nova geração que batem hoje à porta do Seminário e que necessitam encontrar formadores que sejam verdadeiros homens de Deus”, (…) disse o pontífice.
“Assim esses jovens aprenderão a ser sensíveis ao encontro com o Senhor, na participação diária da Eucaristia, amando o silêncio e a oração, procurando, em primeiro lugar, a glória de Deus e a salvação das almas.”
O Papa assinalou ainda que “é tarefa do Bispo estabelecer os critérios essenciais para a formação dos seminaristas e dos presbíteros na fidelidade às normas universais da Igreja”.
Aí estão a advertência e o pedido de Bento XVI. Que o conhecimento e o acatamento a eles nos ajude a ser cada vez mais fiéis à Igreja de Cristo.
Fonte:ZP09090802 – 08-09-2009 Permalink: http://www.zenit.org/article-22593?l=portuguese |