MARX MORRE NO PARQUE ANTÁRTICA

 

Ou melhor, no Allianz Parque…

Domingo, 07 de dezembro de 2014. Mais de 30.000 torcedores angustiados compareceram para ver o último episódio da novela palmeirense. No estádio e nos lares brasileiros, na cidade ou no campo, todos queriam saber: o porquinho cai ou não cai?

9’ do primeiro tempo. Escanteio pela esquerda.Ricardo Silva sobe e marca de cabeça. O drama aumentava. Um espirito sorumbático pairou sobre os esmeraldinos.

16’. A bola é cruzada na área do Atlético. Um zagueiro do time paranaense salta de costas para a bola, que atinge seu braço. O juiz, auxiliares, locutores e comentaristas, pensando que ainda possa existir algum leitinho da Parmalat para ser distribuído, garantem que foi pênalti. Não estranhem: descobri que todos são também fãs do Barrichello.

17’ Bola na marca de pênalti. Henrique cobra e…acerta! Quem diria!

A torcida grita, salta, comemora. Mas, bem lá no fundo, a dúvida pairava.

Ninguém lembrou de repetir o brado do Atlético: “Eu acredito!”. Tampouco lembraram de Obama: “Yes, we can!”. O que parecia dominar era o ceticismo fruto não da leitura – que é rara naquele meio – mas de anos de decepção e de angústia. Pirro dissera: “Não há diferença alguma entre a vida e a morte”! Alguém retrucou: “Nesse caso porque você não se mata?” O espirituoso cético respondeu: “exatamente porque não há diferença!”

O ceticismo palmeirense era mais rasteiro: “Primeira ou segunda divisão? Faz diferença?”

Sorte deles que a natureza é bondosa. Apesar de todas as dúvidas, bem lá no fundo de suas almas sofridas devia haver um pinguinho de esperança.

Segundo tempo. O Atlético veio diferente. Um partidário da teoria da conspiração insinuaria que algo estranho ocorreu. Sempre há maldosos no mundo.

Aproxima-se o fim do jogo. A angústia cresce. Em Salvador o placar continua no zero a zero. E lá iria haver mais 5 minutos de jogo. E se o Vitória…

Termina o prélio no Allians. A alegria ainda está mesclada ao sofrimento. Lágrimas escorrem pela face de torcedores e torcedoras. Abundantes e generosas, no olho direito; mirradinhas, no olho esquerdo.

A apreensão continuava. Nesses momentos 5’ são uma eternidade. Muitos corações já estavam prestes a se romper. Deus resolveu acabar com tanta dor. E o melhor acontece: Thiago Ribeiro marca para o Santos. Esmeraldinos, dentro e fora do estádio, explodem de alegria com o milagre.

Milagre que nem meu caro amigo Júlio César, poderá negar. Agora, ele que tem suas dificuldades com nossa santa religião, sentiu em seu coração generoso a bondade da intercessão dos santos. E a beleza da graça que nos toca apesar de não a merecermos.

Para confirmar o que digo basta dizer que o gol santista foi feito por Tiago Ribeiro. Entrou certamente aí a intercessão do bravo apóstolo da Espanha.

Com tudo isso quem perdeu foi o velhinho ideólogo do século XIX. Tanto esforço e tanta tinta para propagar o ateísmo para vê-lo ser enterrado após uma simples jornada esportiva.

Deo Gratias!.

PS: É de se notar também que os corinthianos foram os que mais torceram pelos nobres adversários alviverdes. Primeiro porque, sendo “A Fiel”, todos sempre se encantam com os milagres. Segundo porque sabendo unir fé e razão já sabem que, em 2015, ao enfrentá-los, terão, em cada jogo, 3 pontos garantidos!

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