O primeiro cometeu suicídio. O segundo também irá fazê-lo?
Acabei de ler interessante artigo sobre o tema acima no site mises do Brasil (1). Título: Assim como o socialismo, o keynesianismo também irá cometer suicídio – mas é preciso paciência.
O fracasso do socialismo teria sido previsto por Von Mises logo nas primeiras décadas do século passado.
Convido o leitor a ler a análise do professor Gary North, PhD em História. É uma boa síntese do que aconteceu especialmente com o socialismo soviético russo e seus satélites.
Convém ressaltar que o site, além da qualidade de vários de seus artigos apresenta, com frequência, comentários de bom nível por parte de seus leitores. Vejam um exemplo.
Um leitor questiona:
“Havia homens no alto escalão dizendo que ambos os sistemas —
mercado e socialismo— iriam se fundir. Isso não ocorreu. Um deles simplesmente
desapareceu. O outro adotou uma variável keynesiana que mistura
intervencionismo, protecionismo e alguma liberdade empreendedorial”.
Alguém me explica, por favor, por que podemos dizer que a tal fusão não
ocorreu, e por que o keynesianismo não pode ser considerado uma fusão entre
capitalismo e socialismo, já que da mesma forma que nunca existiu (nem vai
existir) um país 100% socialista, não existe também hoje um país 100% liberal.
A resposta foi dada por Leandro, editor e tradutor do site que explica bem o que ele considera a diferença entre socialismo e keynesianismo.
Diz ele:
O socialismo defende a estatização dos meios de produção e a abolição da propriedade privada.
O keynesianismo nunca defendeu isso.
O keynesianismo mais se aproxima do socialismo quando adentra na questão monetária, quando defende que os juros devem ser definidos por uma agência do governo e devem ser os mais baixos possíveis.
Para o keynesiano, manipular a moeda é o segredo de tudo. Expandir a oferta monetária é o que gera a riqueza de uma economia. Se o país não está crescendo, se a economia está parada, basta imprimir dinheiro e reduzir os juros. O crescimento virá como que por gravidade (no Brasil, aliás, a SELIC caiu de 14,25% para 6,50% e o crescimento não veio).
Por outro lado, o keynesianismo original nunca deu muita pelota para esse debate “empresa estatal vs. empresa privada”. Keynesianos não acham que o estado deva necessariamente mexer com minério, aço, aviões, petróleo, eletricidade, fertilizante e nanotecnologia. Essa fixação com empresa estatal é um fetiche puramente marxista, e não keynesiano (tanto é que há vários keynesianos genuínos no PSDB que defendem privatizações). Keynesianos que defendem estatização estão muito mais para marxistas do que para keynesianos.
Igualar keynesianismo a socialismo, além de não ser uma postura intelectualmente correta, serve apenas para ofuscar o debate. Keynesianismo é social-democracia, e social-democracia não é igual a socialismo. Sim, ambos são insustentáveis no longo prazo, mas o keynesianismo dura muito mais que o socialismo, pois permite mais mercado e mais propriedade privada. Com efeito, os principais pilares do socialismo (abolição da propriedade privada e da livre iniciativa) não fazem parte do keynesianismo.
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Aqui está uma distinção que muita gente, inclusive os que estudam história, nem sempre sabe fazer.
Distinção didática e útil. Daí apresenta-la a meus caros leitores.
Aliás, caso queiram, vejam a continuação da discussão no site. É muito interessante, por exemplo, a explicação de como é a economia dinamarquesa.
Fonte e link do artigo: