Valter de Oliveira
A Globo está manipulando, exclamam muitos. Está mesmo. Não é privilégio dela. Também manipulam partidos políticos e sindicatos, governos e organismos internacionais, empresas e grupos religiosos. Pior para nós que temos que aprender a nos defender nesse cipoal asfixiante.
Para piorar há quem defenda que a mídia manipula quando seu grupo é acusado, mas que a considera isenta, honesta, objetiva quando o alvo é o adversário. Somente mais um aspecto da miséria humana.
A informação
Como somos seres sociais temos a necessidade contínua de nos comunicarmos. É o que temos na vida diária: conversas, aulas, jornais, mídia em geral.
A informação é um caso concreto de comunicação. Alguém nos informa de algo que não sabemos. A história nos dá as informações do passado. Na atualidade, contudo, entende-se por informação a notícia tida como novidade.
A liberdade de informação
A liberdade de informação está associada à liberdade de expressão. São cara e coroa da mesma moeda. Como pessoas temos direito à expressão e à informação. Com tudo o que isso implica: direito de associação, difusão, reunião, etc. Em tudo, naturalmente, é obrigação do propagador informar-nos de modo veraz e honestamente. Ou seja, o informador tem o dever de agir com ética continuamente.
A objetividade informativa
Será que ela existe? Muitos a negam. Afirmam que o ser humano é sempre parcial.
Estudiosos da questão definem a objetividade informativa como “o acordo da informação com os fatos, a sua veracidade e autenticidade”.
Também concordam que tal objetividade é muito difícil de ser alcançada. As razões são várias. Vejamos algumas delas:
- Falta de competência e de ciência no informador. Fácil de se ver em inúmeros posts no facebook;
- Ausência de dados necessários para dar uma versão completa dos fatos;
- Influência das simpatias, antipatias e preconceitos do informador;
- existência simultânea de várias versões dos mesmos fatos;
- cada vez mais, devido à rapidez dos modernos meios de comunicação e devido à avidez dos receptores em tentar entender prontamente os fatos, os informadores são obrigados a explicar o acontecido com urgência.
- uso claramente desonesto da tecnologia da informação: Hoje temos uma infinidade de sites – de todas as tendências ideologicas – que são pagos para produzir falsas notícias (fake news) ou para distorcer acontecimentos.
Resultado: a objetividade informativa é algo que quase nunca existe de forma completa. É algo que devemos ter sempre presente.
Assim sendo, se queremos ver o que há na informação temos necessidade de procurar ver se ela foi feita com honestidade pelo informador. Aí entra nossa parte. Precisamos estar intelectual e moralmente preparados. Não basta a inteligência. É necessário retidão.
O espirito crítico que devemos ter está longe de simplismos, achismos, simpatias ou antipatias. Exige que confrontemos o que nos é informado com o que já sabemos daquele fato ou tema, que procuremos outras fontes que abordem seriamente o assunto. É bom hábito, por exemplo, também procurar ver argumentos de quem não pensa como nós. Alguém pode, por exemplo, expor com acuidade um problema social e equivocar-se no remédio que prescreve. A falha neste ponto não nos dá o direito de julgar que tudo o que ele disse é bobagem.
A partir desses pontos podemos nos preparar para reconhecer as manipulações. É um bom começo.