José Luís Nunes Martins
Podemos conhecer o coração de alguém pelas suas afeições… mas talvez lá se consiga chegar melhor através de uma análise àquilo de que desistiu, o que decidiu não querer…
Na vida humana nada está determinado à partida senão a liberdade com que nos é aberto um universo infinito de possibilidades. A sublime beleza e o absoluto valor da nossa existência residem na radical autonomia em que nos é dado elegermo-nos.
Não há destino, mas escolher é sempre preferir uma opção em desfavor de todas as outras. Cada homem escreve o seu próprio fado. Um só. Do princípio ao fim.
A existência humana é uma viagem feita de escolhas. A vida implica a necessidade de, a cada momento, decidirmos sempre cada um dos nossos passos. Podemos ir em qualquer direção, podemos até decidir não nos mover, seguir num rumo e depois noutro, até para trás… passos mais largos ou mais prudentes… podemos escolher tudo, menos deixar de escolher.
É sempre possível recomeçar. Sempre. Mas nunca do exato ponto onde já escolhemos e fomos. Seremos sempre novos a cada instante e ninguém se demora mais numa hora que noutra, nem pode vivê-la mais do que uma vez…
O tempo faz-nos voar e a trajetória revela a nossa identidade… na separação que introduz entre aquilo que preferimos e aquilo de que abdicamos.
Podemos conhecer o coração de alguém pelas suas afeições… mas talvez lá se consiga chegar melhor através de uma análise àquilo de que desistiu, o que decidiu não querer… afinal, o que é, e que valor tem, aquilo que abandonou para cumprir o que escolheu?
Tudo se complica muito mais porque as escolhas não são sempre feitas entre o bem e o mal… boa parte das vezes a vida exige-nos que escolhamos um de entre dois bens ou um de entre dois males… o erro e o arrependimento são fáceis e quase garantidos… a felicidade parece impossível… ao homem nunca cabe o lugar de Deus, mas, ainda assim, sem saber distinguir essências de aparências, é possível escolher (o) bem!
A responsabilidade é a capacidade de assumirmos as razões e emoções que são ou foram causa de um ato nosso. Podemos revelar a nossa grandeza mesmo quando erramos e o assumimos de forma refletida. Somos tudo quanto preferimos e preterimos, somos as nossas faltas mas também a capacidade que temos de aprender com elas.
Há quem nunca ceda à tentação suprema de considerar tudo absurdo e a felicidade impossível, há quem nunca desista de aceitar que tudo tem sentido ainda que a ele se possa aceder já… há quem faça o seu caminho daqui para o céu na certeza íntima de que este mundo não é o seu.
São muitos os que querem conhecer as modas para nunca se afastar do caminho da multidão, entram no comboio só por ver os outros a fazê-lo… mas há também quem escolha fazer um caminho por onde nunca ninguém foi… nenhuma das opções é certa, nenhuma é errada… só quem desiste de si é que nunca se encontrará.
Quem se aproxima de um destino, afasta-se da sua origem… troca o valor do que elege pelo valor do que resigna. Mas, o que move alguém que se encontra no caminho entre A e B? Será a vontade de B? ou o medo de A? Se o amor é um excelente motor das nossas ações, o medo também o é… o que resulta numa tremenda confusão: há quem finja amar com medo da solidão e quem viva na verdadeira solidão com medo do amor… há quem tema tudo… e quem ame sem medo de nada.
No amor, há quem encontre o sentido último da existência.
Por amor, há quem entregue a própria vida.
http://www.spedeus.blogspot.com.br/ extraído dia 11/11/14.
O site Olivereduc deixa agora à sua disposição um vídeo que tem circulado na internet a respeito de um homem que abdicou do direito de chorar pela perda da esposa, para estar com seu filhinho recém nascido e que, logo mais, também iria partir.
Quando o amor transborda, tudo o que fica é amor.