Valter de Oliveira
No dia 23 de outubro o site publicou textos a respeito do culto da personalidade nos regimes nazi-fascistas (1). Hoje mostramos um exemplo no campo comunista. Comecemos pela adoração.
CULTO A STALIN
“O culto da personalidade”
“Ó grande Stalin! O nosso amor, a nossa fidelidade, a nossa força, o nosso coração, o nosso heroísmo, a nossa vida – tudo te pertence. Toma-os, ó grande Stalin, ó chefe da Pátria. Ordena e os teus filhos serão capazes de deslocar-se sob a terra, no ar, debaixo de água ou na estratosfera. Os homens de todas as épocas e de todas as nações dirão que o teu nome é, entre todos, o mais glorioso, o mais forte, o mais sábio, o mais belo. O teu nome figura em todas as fábricas, em todas as máquinas, em todas as leiras da terra, em todos os corações humanos. Se a minha mulher bem amada der à luz um filho, a primeira palavra que lhe ensinarei a dizer será “Stalin’. (Avdeienko, in Gazeta Vermelha de Leningrado, 1935) (2).
O STALIN DO MUNDO REAL
O documento acima expõe a mentalidade de um doutrinado, incapaz de ver o que acontece à sua volta. Certamente louvou a ideia da coletivização dos campos, iniciada por seu ídolo no fim dos anos 20. Como diz Maria Emilia Diniz:
“Em menos de um ano (1929-1930), a classe dos kulaks foi aniquilada e as terras que anteriormente lhes pertenciam agrupadas em sovkhozes (propriedades agrícolas do Estado) e kolkhozes (cooperativas de camponeses)”.
“Estas transformações não se fizeram, porém, sem uma profunda resistência. Só uma repressão policial violenta, que se saldou por deportações em massa permitiu levar a cabo a coletivização. A área dos kolkhozes subiu de 1,4 para 92 milhões de hectares, mas o abalo provocado por estas transformações causou uma terrível fome em 1932 e 1933”.
Mais à frente a autora cita um documento, é um texto de Victor Serge, Memórias de um revolucionário. Nele vemos como foi a eliminação dos kulaks:
“Em comboios repletos, os camponeses deportados partiam para o Norte glacial, partiam, despojados de tudo o que possuíam, para as florestas, as estepes, os desertos. Os velhos desfaleciam no caminho, os recém nascidos eram enterrados nas bermas das estradas. Populações inteiras, arrastando em carroças todos os seus pobres haveres, precipitavam-se para as fronteiras da Polônia, da Romenia, da China, passando – nem todas, seguramente, sob o fogo das metralhadoras. Quantas vítimas fez a coletivização total?
Um sábio russo, Prokopovitch, efetuou um cálculo, segundo as estatísticas oficiais soviéticas. Em sete anos, perto de cinco milhões da famílias desapareceram}” (3).
Alguns anos depois kulaks sobreviventes conseguiram retornar a suas casas. Stalin escreve contra eles.
CIRCULAR DE STALIN
Circular enviada aos responsáveis do Partido Comunista nas várias regiões e nacionalidades:
“Tem-se notado que um grande número de antigos kulaks e de criminosos, deportados nas longínquas regiões da Sibéria e do Grande Norte e em seguida regressados a casa, estão hoje implicados numa série de ações terroristas e de atividades antissoviéticas, tanto nos kolkhozes e sovkhozes como nos transportes e nas empresas. O Comitê Central do Partido Comunista propõe a todos os secretários das organizações regionais do Partido e a todos os representantes regionais da NKVD* que elaborem uma lista de todos esses elementos anti-soviéticos. Os mais ativos serão imediatamente presos e fuzilados (…). Os outros, menos ativos mas não menos anti-soviéticos, serão internados e deportados.
O Secretário do Comitê Central: J. Stalin.
Resolução nº 94 do Politburo de 2 de julho de 1937. (4)
*Nome da polícia política soviética entre 1934 e 1941.
Será que textos como esses – que mostram os crimes comunistas – fazem com que os doutrinados idólatras acordem?
Difícil. Em meus tempos de estudante universitário o que mais era distribuído na USP eram panfletos revolucionários elogiando Fidel, Mao e outros líderes comunistas. Basta lembrar que o PCdoB, de nosso prefeito Haddad, não aceitou as denúncias de Kruschev contra Stalin e passou a apoiar outro genocida: Mao Tsé Tung.
Pior de tudo é que os revolucionários dos anos 60 e 70, que hoje se apresentam como democratas por terem lutado contra a ditadura brasileira, continuam cegos à realidade defendendo o indefensável.
Não é fácil escapar dos estragos causados pela lavagem cerebral.
Fonte dos textos: História 9. Maria Emilia Diniz, Adélito Tavares, Arlindo M. Caldeira, Editorial O Livro. s/d. Lisboa.
Notas:
1. “Propaganda nazi-fascista e seus resultados! https://www.olivereduc.com/etica/propaganda-nazi-fascista-e-seus-resultados/
2. op. cit. p. 133
3, op. cit. p. 131
4. op. cit. p. 133