“O capitalismo fez com que cada homem seja um rival do outro por um pedaço de pão”
Valter de Oliveira
O autor do discurso abaixo afirma-se um revolucionário. Lendo o texto você não terá nenhuma dúvida. Ele repete as velhas críticas ao capitalismo e apresenta sua visão de uma reforma agrária justa. Suas palavras, naturalmente, podem ser aplaudidas por militantes e simpatizantes de partidos de esquerda. Leia e veja se tenho razão.
(…) O capitalismo (fez com que) mesmo instituições privadas bem fortes, se acolhessem à benevolência do Estado, ou para reclamar proteções tarifárias ou para obter auxilio financeiro. Quer dizer, como disse um escritor crítico do sistema capitalista, o capitalismo, tão desdenhoso, tão refratário a uma possível socialização de seus lucros, quando as coisas vão mal, é o primeiro a solicitar uma socialização das perdas. (…) Toda a revolução nova, todo o fortalecimento do Estado (…) devem ser encaminhados para que sejam incluídas essa enorme massa abandonada pela economia liberal.
Logo adiante o autor defende que é necessário desmontar o capitalismo financeiro. E continua:
Enquanto a terrível crise financeira atual arruinou os pequenos produtores e os trabalhadores sofrem como nunca o pesadelo do desemprego, as vantagens obtidas pelos banqueiros, beneficiários da atual ordem, é elevadíssimo. Assim, é urgente destruir o sistema liberal. (…) É a grande tarefa de nossa geração.
Claro que ele acredita que assim se vai implantar uma justiça social profunda.
Vemos essa “justiça no seu projeto de reforma agrária!:
Aí é necessário “sacrificar umas tantas famílias (…) de capitalistas do campo, rendeiros, que sem nenhum esforço tiram enormes vantagens ao alugar suas terras ao camponês. Não importa. Elas têm que ser sacrificadas. O povo tem que viver. (…) O Estado não pode nem deve tirar dinheiro de outras áreas – a não ser que queira arruinar-se – para comprar terras para o trabalhador rural. Temos que fazer uma reforma agrária revolucionária, quer dizer, impondo aos grandes proprietários o sacrifício de entregar aos camponeses o que lhes falta. As reformas agrárias feitas até agora, nas quais se paga aos proprietários o preço total de suas terras, são uma mentira para os trabalhadores. Vão se passar mais duzentos anos e a reforma agrária ainda não terá sido feita”.
Aqui fica a pergunta: “Quem será o orador?”
Você pode arriscar:
1. Um revolucionário dos anos 60, talvez o famoso Julião, lá de Pernambuco?
2. Um intelectual de esquerda da Unicamp ou da USP? De uma de nossas universidades federais?
3. Líder de movimento social de nossos dias? Stédile? Guilherme Boulos?
Outra sugestão?
É de esquerda?
Enganou-se.
O orador é …José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola e fuzilado pelo governo republicano da Espanha em 20 de novembro de 1933, em Alicante. Tinha então 33 anos. Está sepultado no Vale de los caídos.
Surpresos?
Aqui fica uma palavrinha aos leitores de esquerda.
Como se vê há boas semelhanças entre vocês e o “fascismo”, não é mesmo? Por isso, por favor, mais cuidado em xingar de fascista quem discorda de vocês.
http://www.periodistadigital.com/imagenes/2015/07/10/japrimoderivera.jpg
Cordial abraço.
Notas: O texto apresentado está em diferentes discursos de Primo de Rivera. Escolhi partes deles e retirei as partes nos quais ele se refere à Espanha ou ao ideário falangista.
http://pensarhispanico.blogspot.com.br/2012/11/20-de-noviembre-jose-antonio-primo-de.html