Valter de Oliveira
Para muita gente o Partido dos trabalhadores nasceu como uma esperança. A estrela revolucionária seria o símbolo de uma nova aurora para o Brasil. Aurora que nos traria justiça social, desenvolvimento econômico, dignificação do homem, ética na política.
Graças a Deus nunca acreditei em tal balela. Não por maniqueísmo, não por não perceber e desejar necessárias mudanças na sociedade brasileira, mas simplesmente porque desde jovem nunca acreditei que a ideologia revolucionária – branda ou radical – poderia criar um mundo melhor neste vale de lágrimas. A história do século XX nos mostrou isso claramente.
Conheço ótimas pessoas que, num primeiro momento, ou após certas realizações petistas, acreditaram que Lula e seus companheiros tinham um compromisso com a ética (1) e saudaram com alegria o que parecia ser a inclusão dos pobres. Descuidaram de observar a prática socialista gramsciana do PT – incluindo sua famigerada ideologia de gênero – e centraram-se nas pretensas conquistas econômicas. Depois, graças a Deus, perceberam a falácia. Alguns, por escrito, chegaram a lamentar a simpatia dada ao governo. Agora percebem que o rei está nu. É o que todos vemos. Entretanto a coorte petista continua a acreditar e defender as falácias do PT. Contra toda a evidência.
Os acontecimentos dos últimos meses – e em especial dos últimos dias – confirmam sobejamente o que digo. A cegueira petista é tão profunda que cada vez mais vejo seus militantes agirem como seres manipulados – e que se automanipulam – na esteira de tantas seitas laicas ou religiosas que surgiram na história. Lembremos os fanáticos anabatistas de Thomaz Munzer e João de Leyde no período da Reforma Protestante; dos criminosos jacobinos da Revolução Francesa com seu culto à deusa razão e a admiração irracional por Robespierre e Marat; dos gnósticos nazistas com suas práticas desumanas; dos fanáticos do Pol Pot genocida. Todos tiveram seus credos, seus dogmas, seu culto, seus fiéis, seus líderes imaculados.
O Sr. Lula da Silva, pessoalmente, como todos vimos, em discurso aos seus fiéis, erigiu-se como a honestidade encarnada. Em discurso a blogueiros petistas que fazem o serviço sujo da desinformação disse sem nenhum pejo: “Não tem uma viva alma mais honesta do que eu”. (2)
Qual foi a reação de seu fanático auditório? Apenas risos e aplausos, nada mais. Os doutrinados babaram diante da fala do Duce. Ninguém se espantou com sua megalomania.
No último dia 04, ao ser intimado a depor na Polícia Federal o PT mostrou-se indignado diante do ocorrido. Convocou a militância a reunir-se em vigília por Lula, o Imaculado. Não se espantem se dentro em breve seus fiéis venham a estabelecer um culto para o chefe. Tal como outros “fiéis” fizeram com Chaves, na Venezuela (3). Afinal, como Lula mesmo disse no referido discurso, sua vida é fruto de inúmeros milagres…
Como vimos, logo após seu depoimento à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, Lula foi mostrar seus dotes populistas na Sede do PT em São Paulo. Estava doído e indignado. Afirmou que merecia mais respeito por todas as maravilhas que tinha feito por nosso povo. Colocou-se como vítima e Messias. Vítima da elite que odeia pobres e minorias. Vítima de um novo Sinédrio que não suporta as bondades e realizações do maior presidente que o Brasil já teve. Elite que procura a todo custo destruir o Messias brasileiro.
O patético discurso da última sexta manteve uma característica própria do espírito maniqueísta de toda seita: Ele e seus “apóstolos” são os bons, missionários milenaristas que enfrentam todos os maus, todos os que não suportam qualquer melhora das camadas sociais mais pobres. No seu apelo jihadista a seus fiéis levantou a possibilidade de vir a ser candidato em 2018! Estará um pouco velho, como Moisés, é verdade, mas o bem do povo pode exigir que se sacrificasse. Certamente para levar nosso povo à terra prometida onde corre leite e mel.
Após tantas mentiras Lula reconheceu no final da entrevista como estava preocupado com o destino do PT. “Descobriu (agora) que nem tudo está acabado, como pensou que estivesse (destaque meu), e disse que o PT precisa levantar a cabeça”. E desabafou: “Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve”. (4)
Ainda bem que reconheceu que o povo brasileiro está lidando não com um verdadeiro profeta, mas com jararacas: venenosas, sibilinas, rastejantes…
Que logo estarão bem mortas…
Notas:
- O comum das pessoas entende ética – ainda que não o saibam – no sentido aristotélico tomista, que implica no reconhecimento da verdade objetiva. Já a esquerdal, ao falar em ética, adota o relativismo que considera que a verdade varia conforme as circunstâncias e o tempo. Partidos revolucionários adotam também a “ética” marxista leninista que afirma que ético é o que ajuda a causa revolucionária… Essa “ética” eles sabem manejar muito bem.