http://youtu.be/JJpK5mefsdY
Augusto Nunes
“Eu odeio a classe média”, rosnou Marilena Chauí já no início da discurseira que esquentou o debate sobre os 10 anos de governo lulopetista. Quem leva a sério o palavrório da companheirada deve ter imaginado que a confissão seria recebida com urros de indignação pela plateia, que incluía o Grande Mestre e os principais sacerdotes da seita. Se Lula anexou a pobreza à classe média, se Dilma Rousseff jura de meia em meia hora que sonha com um país habitado exclusivamente por gente da classe média, tamanha heresia não ficaria impune, certo? Errado, corrigiram os aplausos entusiasmados dos ouvintes.
O amém sonoro animou a oradora a detalhar os motivos do ódio: “A classe média é o atraso de vida”, desandou a professora de filosofia da USP. “A classe média é estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista”. Não é pouca coisa. Mas não era tudo. “A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética, porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante”, foi em frente a musa do PT.
Quem não se deixa engambelar pelos alquimistas do Planalto, que inventaram a classe média de 500 reais por mês, sabe que os pobres e miseráveis não sobem de categoria social por decreto. Quem não cai em tapeações baratas soube desde sempre que a classe média abrange os que vivem com mais conforto que os desvalidos mas nem imaginam como é vida de rico. É o caso dos professores universitários.
O palavrório eternizado pelo vídeo, portanto, convida o Brasil que pensa a escolher entre pelo menos quatro opções: 1) Marilena saiu da classe média porque ficou pobre; 2) Marilena caiu fora da classe média porque está bilionária; 3) Marilena continua na classe média e resolveu confessar que se odeia; 4) Marilena endoidou faz tempo, tanto assim que vive repetindo que “quando Lula fala o mundo se ilumina”.
Sempre que a bobagem é recitada pela figura que a plaqueta na mesa qualifica de “filósofa”, a coluna trata de corrigi-la: quando o chefe agarra um microfone, o que ocorre é algo muito mais impressionante. Os plurais saem em desabalada carreira, a gramática se refugia na embaixada portuguesa, a regência verbal se esconde no sótão de um casarão abandonado, o raciocínio lógico providencia um copo de estricnina (sem gelo) e os dicionários se apavoram com a iminência de outra selvagem sessão de tortura.
E o que acontece quando Marilena fala? Vocês é que sabem.
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