Simone Fuzaro
Convivendo cotidianamente com inúmeras famílias, venho percebendo pais extremamente preocupados, porém muito perdidos, com o processo educativo dos filhos. Quantas dúvidas, ansiedade e questionamentos: o que é melhor, como orientar, como intervir… No entanto, conversando com muitos deles, observo que falta algo muito simples e essencial: estabelecer os objetivos e determinar valores essenciais.
O que esperamos do nosso filho daqui 20 anos? Que tipo de pessoa queremos formar?
Essas são perguntas cruciais para podermos planejar o caminho que vamos percorrer na aventura de educar os filhos. Como sabemos, muitas são as teorias que estão à disposição na internet, nos livros e nos manuais de educação de filhos: quarto montessoriano, cama compartilhada, disciplina positiva, educar sem dizer “não”, como criar filhos autônomos, enfim, um repertório diversíssimo e vasto que, mais do que esclarecer, pode confundir aqueles que não estiverem com o objetivo claro. Afinal, sem sabermos o destino a que queremos chegar, todos os caminhos são duvidosos. Só podemos escolher a melhor estrada se soubermos aonde queremos chegar e que meio de transporte temos à disposição.
É comum ouvirmos: quero que meu filho seja feliz. Seria esse um objetivo concreto para pautar o processo educativo? O que significa ser feliz? Esse não seria um objetivo efêmero se pensarmos na vida de uma pessoa?
Espero que meu filho seja trabalhador, honesto, comprometido com uma sociedade melhor. Que valores precisará aprender para isso? Que virtudes são necessárias à uma pessoa para chegar a esse fim?
Outro aspecto importante a considerar: podemos ter três filhos e querer formá-los dentro dos mesmos objetivos e valores; mas não podemos esquecer que são pessoas distintas, com diferentes temperamentos e diferentes dons. Para educarmos cada um dos três, apesar do mesmo objetivo, certamente teremos que percorrer caminhos diferentes para alcançá-lo.
A palavra educar – do latim, educere – significa conduzir para fora. Então, podemos pensar em buscar dentro dessa pessoa única e irrepetível, que temos a honra de ter em mãos, os dons, as qualidades, os potenciais, além de estimulá-los, aflorá-los. Nessa linha, precisaremos conhecer cada um e perceber que aspectos precisam ser estimulados, que virtudes precisam ser adquiridas, que comportamentos precisam ser corrigidos. Podemos pensar também num aspecto macro – preparar as pessoas (filhos) para viverem em sociedade, trazê-las para fora de si mesmas para entrar em contato com a diversidade existente no mundo, estimulando- as a conviver e contribuir de modo saudável com ele.
Portanto, educar os filhos pressupõe estabelecer objetivos e buscar caminhos para alcançá-los. Para isso, são necessários pais envolvidos e comprometidos com o processo. É preciso ter consciência de que formar pessoas é um compromisso que exige planejamento, tempo, convívio, dedicação, criatividade e senso crítico. Formar um filho é uma honra, uma arte e um privilégio – temos a oportunidade em mãos de forjar, a partir daquele pequeno ser com todo o seu potencial, uma pessoa ímpar, única e capaz de fazer diferença no mundo.
Quando os pais delegam a autoria desse projeto a outros, seja à escola, aos avós ou às babás, estão abrindo mão de um protagonismo imperdível e, o que é pior, estão fadando seus filhos à orfandade, pois aquilo que é papel dos pais ninguém poderá fazer com a mesma eficácia.
Pais, coragem! Posso afirmar que esse é o maior e mais precioso projeto de suas vidas – não percam essa maravilhosa oportunidade!
Fonte: http://www.osaopaulo.org.br/colunas/a-importancia-de-estabelecer-objetivos.
O artigo é de 08 de novembro último.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga, educadora e colunista do jornal “O São Paulo” da arquidiocese de São Paulo