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OS ESTEREÓTIPOS PERDEM SUA RAZÃO DE SER NAS ESCOLAS DIFERENCIADAS

 

 

O que é melhor: colégios mistos (onde há meninos e meninas em uma mesma classe de aula) ou diferenciados (onde há classes só para meninos e classes só para meninas)?

 

Leonard Sax é fundador e diretor executivo da "National Association for Single Sex Public Education" (Associação Nacional para a Educação Pública Diferenciada, ou “NASSPE”, na sigla em inglês). Ele empreende uma cruzada para conseguir que a educação diferenciada tenha lugar na escola pública dos Estados Unidos. Seu enfoque põe de lado a ideologia para cair nos braços da ciência.

 

Na entrevista a seguir, concedida à revista espanhola Magistério e publicada em Diferenciada.org (28/04/2009) ele defende a tese de que separar meninos e meninas nas classes de aula não tem nada a ver com assuntos religiosos ou morais: trata-se simplesmente de aproveitar melhor as suas particularidades biológicas do ponto de vista escolar.

 

Magistério: As pesquisas sobre as diferenças neurológicas e cognitivas entre os sexos foram virtualmente proscritas durante décadas, mas agora parecem viver uma espécie de renascimento. O que se pode esperar dessas pesquisas nos próximos anos?

 

Sax: Sem dúvida. Há muitas questões que estamos apenas começando a investigar, inclusive porque os resultados das pesquisas realizadas na última década não são ainda suficientemente conhecidos. É evidente que nos encontramos, hoje, no principiar de uma nova era.

 

Magistério: O senhor afirma que as habilidades matemáticas e a inteligência espacial, nos rapazes, desenvolvem-se mais cedo, ao passo que o mesmo ocorre com a linguagem em relação às moças. Suponho que em tais afirmações haja lugar para muitíssimas exceções.

 

Sax: Claro que sim. Deixando de lado as questões educativas, também existem meninos que não gostam de futebol e preferem cozinhar, enquanto há meninas que não gostam de cozinhar e optam pelo futebol. São as crianças que denominamos atípicas, desde uma perspectiva de gênero, mas devemos levar seriamente em consideração este fato, pelos seus próprios riscos. Por exemplo, um menino que prefere cozinhar a jogar tem muito mais probabilidade de sofrer alergias e asma, ou uma depressão severa em seus anos de adolescente, devido a situações de isolamento e importunação que pode vir a sofrer na escola por parte dos colegas.

 

Magistério: E o que devemos fazer nestes casos?

 

Sax: Estas crianças se sentem muito melhor adaptadas nos colégios diferenciados do que nos mistos, nos quais costumam ser os mais visados da classe. Naturalmente estamos nos referindo a escolas diferenciadas que sejam bem administradas, nas quais seus responsáveis saibam lidar corretamente com as diferenças entre sexos e dentro de cada sexo. As crianças atípicas do ponto de vista do gênero tendem a encarar os estudos mais a sério, e deste modo podem ser de grande ajuda para outros colegas com problemas, o que permite reforçar sua auto-estima.

 

Magistério: Segundo alguns dados, a Educação mista está fazendo com que cada vez menos meninas optem por carreiras científicas e menos meninos se achem com vocação para as humanidades ou para as artes. A Educação mista contribui para assentar a opinião de que determinadas áreas são destinadas às meninas e outras aos meninos?

 

Sax: A Educação mista parte de uma premissa: a assimilação. Juntem-se dois grupos, A e B, e cada vez mais se parecerão um ao outro. Mas isto não tem funcionado assim. O fato é que nas escolas mistas muitas adolescentes, embora não todas, recebem a mensagem de que a informática é um assunto masculino. Tal fato fica mais evidente entre os rapazes, já que um jovem de 15 anos não gostaria, sob nenhuma circunstância de correr o risco de ser taxado de homossexual por freqüentar aulas de desenho ou de história da arte. Tais estereótipos perdem em boa medida sua razão de ser nas escolas diferenciadas.

 

Magistério: O senhor está de acordo com os argumentos da velha escola a favor da Educação diferenciada? Refiro-me às justificativas que falam do excesso de distrações devido aos hormônios adolescentes?

 

Sax: De maneira nenhuma. Isso é o que se dizia há 20 anos, mas essa idéia foi completamente superada do ponto de vista empírico. O que temos averiguado recentemente é que se separarmos os meninos com 6 anos, das meninas, conseguiremos enormes progressos escolares em ambos os sexos, mas se só os separarmos aos 16 anos os progressos serão muito menores. A hipótese das distrações ocasionadas pelos hormônios durante a adolescência parece muito sugestiva, embora careça por completo de validade científica.

 

Magistério: Há quem sugira que o senhor reveste de ciência o que no fundo são colocações religiosas ou morais?

 

Sax: Não nos Estados Unidos. Este é o tipo de pergunta que me fazem os jornalistas estrangeiros, já que fora do meu país a Educação diferenciada está habitualmente associada à Igreja Católica. Perguntam-me se é esta que financia a minha associação, mas a resposta é taxativamente não. Recebo muitas críticas nos Estados Unidos, embora a maioria provenha de grupos feministas que nos acusam de querer voltar ao passado, àqueles tempos em que as escolas para meninos recebiam mais subvenção e atenção que as escolas para meninas. Não queremos voltar ao passado, em absoluto. Muito pelo contrário, o que pretendemos é avançar para um futuro livre de idéias preconcebidas.

 

Magistério: O senhor acha que as professoras são mais adequadas para as escolas de meninas, e os professores para as de meninos?

 

Sax: Não, nada a ver. O importante é que recebam a formação adequada para aproveitarem ao máximo o que conhecemos sobre as diferenças cognitivas entre meninos e meninas.

 

Magistério: O senhor sustenta que os meninos ouvem pior que as meninas, especialmente quando mais cedo em idade. Nos seus estudos costuma citar um caso real que chegou ao seu consultório, quando era médico de família: um menino de escola primária, que se mostrava distraído e abúlico na sala de aula, diagnosticado com Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) por outro profissional. O senhor detectou que o problema era auditivo, que o jovem mal conseguia ouvir a débil voz de sua professora, e era por causa disso que ele se punha a olhar pela janela ou rabiscava ao léu, sem tirar proveito algum da lição. Obviamente, a solução não era a de aplicar-lhe Ritalin, o medicamento mais conhecido para tratar o Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade, como o outro profissional havia receitado. Mas o senhor não se cansa de criticar a facilidade com que se receita este tipo de medicamento. Por que desse alerta?

 

Sax: As vozes mais autorizadas da psiquiatria nos Estados Unidos vêm afirmando durante anos que este tipo de medicamento não oferece nenhum risco. Agora sabemos que tais "autoridades" receberam milhões de dólares da indústria farmacêutica sem que jamais o tivessem declarado publicamente. Os mesmos indivíduos que deveriam ter pesquisado com rigor os benefícios e malefícios causados por comprimidos como o Ritalin. Os mesmos, junto aos quais temos buscado conselho sobre um tema tremendamente delicado! Dá medo, não é verdade?".

 

 

Fonte: Diferenciada.org - http://www.diferenciada.org/section.php?id=49&id_element=564

Tradução: mcferreira

 

Publicado no Portal da Família em 30/01/2010

"EU NÃO ACREDITO"

 

Autor: Percival Puggina 

Nesta terra dos processos lentos e sonolentos, onde o caso Mensalão rola desde 2005 (e mal começou a andar), a professora de Viamão, que educou, que defendeu o patrimônio público, que fez cumprir o regimento escolar, cuja conduta foi apreciada por todos, acabou posta de joelhos.

Lembrei-me de Woody Allen. Num dado momento do filme Manhattan, a namorada que o abandona cobra-lhe um sinal de indignação. Mas Woody, em tom desanimado, se proclama incapaz disso. E conclui: "Em compensação, desenvolvo tumores".

É para evitar tumores que escrevo este artigo. Trata-se de uma questão de saúde. Ou desabafo aqui ou vou para a quimioterapia. A coisa foi assim. No dia 3 de dezembro, ZH publicou matéria sobre o caso da vice-diretora que mandou um aluno repintar estragos feitos por ele em paredes da escola. O texto, que eu lia em voz alta para a família, informava que a professora, ao fim e ao cabo, tivera de pagar multa de meio salário mínimo. Nesse ponto, meu neto interrompeu-me com a exclamação que dá título a este artigo: "Eu não acredito!". E enfiou o nariz no jornal para confirmar o que escutara. Tinha razão ele. De ouvir contar, ninguém acreditaria. Era preciso botar o dedo na notícia que o jornal estampava como chaga aberta.

A informação saiu no dia 3 e já no dia seguinte 347 leitores haviam expressado sua indignação no "clicRBS". Penso que tais protestos da comunidade deveriam ser lidos, também, pelos que expuseram a professora à persecução penal. O povo entendeu perfeitamente o caso: a) a família, primeira e principal educadora, havia descumprido seu papel; b) a escola, segunda educadora, exercera, e bem, sua função; c) levar pequenas questões disciplinares de milhares de colégios para serem resolvidas nas promotorias de justiça ou nas delegacias de polícia, conduta que foi prescrita à moça e à escola, inverte as precedências (e tem uma lógica que me escapa); d) o Estatuto da Criança e do Adolescente não deveria ser usado para coibir a esse ponto o exercício da função educadora; e) agir, em pequenas infrações de estudantes, como foi recomendado ao caso (registrar BO e intimar alunos à delegacia para possíveis medidas socioeducativas!) é muito mais agressivo e menos educativo do que o procedimento adotado na escola.

Depois de tudo que transborda deste caso, não nos surpreendamos com policiais que viram as costas a um adolescente infrator e com professores que fogem dos alunos para não apanhar. Afinal, vivemos no país onde as leis habitam as estrelas e a realidade ocupa o fundo do poço da permissividade.

Nesta terra dos processos lentos e sonolentos, onde o caso Mensalão rola desde 2005 (e mal começou a andar), a professora de Viamão, que educou, que defendeu o patrimônio público, que fez cumprir o regimento escolar, cuja conduta foi apreciada por todos, acabou posta de joelhos. Em dois meses (só em Cuba se julga e fuzila em menos tempo) teve de enfrentar a Justiça. E desistiu de obtê-la! Não foi dito, mas todos entenderam o recado: "Que isso não se repita, professores!". Impuseram-lhe condenação pública, expedita e exemplar. "Eu não acredito!", exclamou meu neto, em uníssono com a população gaúcha. O Estado precisa retomar o apreço e o respeito pelas naturais autonomias da sociedade.

Se o Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser interpretado como foi, pobre Estatuto! Se o Ministério Público cumpriu seu dever, triste dever! Aplicaram à professora multa ridícula. Fizeram de conta que não a condenavam. Mas a condenaram. Encerraram o processo e dormiram em paz. E a indisciplina ganhou um extraordinário suporte institucional.

SOPRO DE AR

                                  

Autor: Denis Lerrer Rosenfield 

 

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi, durante décadas, controlado por grupos mais à esquerda da comunidade estudantil, com destaque para o PSOL, o PSTU, o PT e o PCdoB.


Era como um jogo de cartas marcadas, em que esses grupos, entre si, disputavam o poder. O ambiente vigente era o de partidos orientados por ideias anteriores à queda do Muro de Berlim, como se, para eles, o mundo não tivesse mudado nem mostrado as vicissitudes da democracia totalitária. O mundo estudantil era um mundo de ideias bolorentas.

Temos presenciado, em particular, recentemente, no Estado de São Paulo, como estudantes cada vez mais radicalizados invadem prédios da Reitoria, impedem a entrada de professores e funcionários e procuram, de todas as maneiras, impedir o livre desenvolvimento do trabalho acadêmico e da pesquisa. A liberdade é fortemente cerceada. Sua preocupação não é a vida universitária, mas a política, servindo a primeira como mera correia de transmissão da segunda. O conhecimento e o mérito são simplesmente relegados. Falta um ar renovador nesse ambiente asfixiante.

Eis que, na UFRGS, conhecida como preponderantemente de esquerda, acontece algo totalmente inusitado. Um grupo de estudantes, não partidário, portanto, não vinculado a nenhum partido político, diz-se de "direita", enfrenta esses diferentes grupos/partidos de esquerda e ganha as eleições para o DCE ? 35 votos foram a diferença matemática que garantiu à Chapa 3 derrotar outras três chapas esquerdistas, uma delas formada por militantes do PSOL, outra por radicais do PSTU e a última por filiados do PT e do PCdoB.

O curioso aqui reside em que esse grupo não é apenas dito de "direita" por seus opositores esquerdistas, mas se assume como tal. Sabemos que essas distinções não deixam de ser relativas, pois, por exemplo, o PT, para o PSTU (e para o PSOL), é um partido que abandonou a "esquerda", por ter "traído" as suas posições doutrinárias. O PT, nessa perspectiva, ter-se-ia tornado "neoliberal". Convém, contudo, analisarmos quais são as bandeiras desse grupo de "direita", para que tenhamos uma visão mais precisa de sua concepção.

Em seu material de propaganda, eles estampam como preocupação central a excelência acadêmica. Suas demandas consistem em melhores laboratórios, mais verbas para a compra de livros e melhores condições gerais de ensino e pesquisa. Se essa é reconhecidamente uma bandeira de "direita", isso significaria dizer que os grupos de esquerda são contra a excelência acadêmica, melhores laboratórios e bibliotecas mais bem equipadas. O contraste, aqui, é particularmente evidente no que diz respeito a uma concepção de universidade e, por extensão, de sociedade.

Sabemos que esses grupos de esquerda têm especial ojeriza pelo mérito, que, no entanto, é próprio do desenvolvimento do conhecimento e da ciência. Alguns se destacam; outros, não. Alguns progridem; outros, não. Há uma diferenciação própria do avanço do conhecimento e da pesquisa, mostrando quão simplórias são as ideias de igualdade para dar conta de tal tipo de situação. Uma sociedade desenvolvida não aposta numa equalização por baixo do conhecimento e da ciência, mas numa diferenciação por cima. E é o conjunto da sociedade que ganha com isso, dos menos aos mais bem aquinhoados.

Outro anátema para a esquerda reside numa proposta de incentivar o empreendedorismo. A finalidade consiste numa maior integração universidade-empresa, com o lucro sendo revertido na formação dos estudantes e na pesquisa. Para eles, a universidade deve voltar-se para fora, não ficando fechada em si mesma, seguindo ideias conforme as quais qualquer envolvimento com empresas significaria uma perda de sua "pureza", uma queda no "mal". Caberia mesmo a pergunta: de qual "pureza" se trata? Só pode ser a "pureza ideológica" de ideias que vicejam no mofo. O novo programa estudantil está centrado no mercado de trabalho, com o após universidade, com a criatividade, com a inovação, com a interação com a sociedade.

Outra bandeira ostentada pela chapa vencedora foi a da segurança. Normalmente é esta, também, considerada uma bandeira de "direita". Com efeito, o novo DCE pensa que maior segurança é necessária nos câmpus universitários. Propugna até por um convênio com a Brigada (Polícia) Militar. Para a esquerda, é algo intolerável. Qual é, porém, a situação real, para além da demagogia? O que os estudantes ? e os professores e funcionários ? vivem na universidade é uma situação de insegurança, com roubos, assaltos e mesmo estupros. Alguns câmpus não podem ter, normalmente, cursos noturnos. Isso quer dizer que a "esquerda" pensa em manter essa condição de insegurança sob o pretexto de que a Brigada Militar não deve entrar na universidade? Quem responde, então, pela segurança, bem maior, de todo cidadão? Os militantes esquerdistas?

Uma outra ousadia do programa "direitista" consiste em proclamar o seu engajamento por eleições transparentes. Até agora as eleições foram feitas com urnas aleatoriamente dispostas em determinadas unidades, em horários igualmente arbitrários. Por exemplo, em unidades onde a "direita" era forte, as urnas funcionavam num exíguo período de tempo, dificultando, portanto, a participação, sobretudo de estudantes não engajados partidariamente. Em unidades onde a "esquerda" era forte, as urnas funcionavam durante todo o dia, num horário elástico. A nova proposta visa a ampliar a participação para todos os estudantes via meios eletrônicos, como o portal da universidade, mediante o uso de senhas. Logo, segundo a "direita", as eleições devem ser eletrônicas, transparentes, evitando a fraude, e propiciando ampla participação. A "esquerda" é contra, exibindo, aliás, o seu perfil "democrático"!

O mofo de certas ideias foi arejado por um sopro de ar!

Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS. E-mail:denisrosenfield@terra.com.br.

 
 

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ENTREVISTA COM PAULO RENATO SOUZA

Paulo Renato Souza

O secretário da Educação de São Paulo diz que sem
meritocracia não haverá avanços na sala de aula - e 
que os sindicatos são um entrave para o bom ensino


Monica Weinberg

Lailson Santos
"É preciso premiar o esforço e o talento para tornar a carreira de professor atraente. O bom ensino depende disso"
 

Criar um sistema capaz de atrair os melhores alunos para a carreira de professor é imperativo para um ensino de alto nível. Daí a relevância da aprovação, na semana passada, de um projeto concebido pelo economista Paulo Renato Souza, 64 anos, secretário estadual da Educação em São Paulo. Trata-se de um plano de carreira para os professores inteiramente baseado na meritocracia, conceito ainda raro nas escolas brasileiras e repudiado pelos sindicatos, seus principais adversários. "Os sindicalistas são um freio de mão para o bom ensino", resume o ex-ministro da Educação no governo Fernando Henrique, que reconhece avanços na implantação dos rankings no Brasil e da cobrança de resultados com base neles, mas adverte: "É preciso discutir a educação com mais objetividade e menos ideologia".

 

Um relatório recente da OCDE mostra que o Brasil foi o país que mais aumentou o investimento na educação em proporção ao total dos gastos públicos - mas muitos se queixam de falta de dinheiro nas escolas. Estão certos? 


O maior problema no Brasil não é a falta de dinheiro, mas como esses recursos são empregados - em geral, de maneira bastante ineficaz. Daria para obter resultados infinitamente superiores apenas fazendo melhor uso das verbas já existentes. Prova disso é que, com orçamento idêntico, algumas escolas públicas oferecem ensino de ótima qualidade e outras, de péssimo nível.

 

O que explica isso? 


As boas são comandadas por diretores com uma visão moderna de gestão, coisa raríssima no país. Não existe no Brasil nada como um bom curso voltado para treinar esses profissionais a liderar equipes ou cobrar resultados, o básico para qualquer um que se pretenda gestor. Quem se sai bem na função de diretor, em geral, é porque tem algo como um dom inato para a chefia. A coisa funciona no improviso.

 

As avaliações sempre chamam atenção para o despreparo dos professores brasileiros. A que o senhor atribui isso?

 
Às universidades que pretendem formar professores, mas passam ao largo da prática da sala de aula. No lugar de ensinarem didática, as faculdades de pedagogia optam por se dedicar a questões mais teóricas. Acabam se perdendo em debates sobre o sistema capitalista cujo ideário predominante não passa de um marxismo de segunda ou terceira categoria. O que se discute hoje nessas faculdades está muito distante de qualquer ideia que seja cientificamente aceita, mesmo dentro da própria ideologia marxista. É uma situação difícil de mudar. A resistência vem de universidades como USP e Unicamp, as maiores do país.

 

"Uma ideia bastante difundida no Brasil é que o professor deve ter liberdade total para construir o conhecimento junto com seus alunos. Essa apologia da ausência de método só atrapalha"

Como isso se reflete nas escolas? 


Muitos professores propagam em sala de aula uma visão pouco objetiva e ideológica do mundo. Alguns não dominam sequer o básico das matérias e outros, ainda que saibam o necessário, ignoram as técnicas para passar o conhecimento adiante. Vê-se nas escolas, inclusive, certa apologia da ausência de métodos de ensino. Uma ideia bastante difundida no Brasil é que o professor deve ter liberdade total para construir 
o conhecimento junto com seus alunos. É improdutivo e irracional. Qualquer ciência pressupõe um método. No ensino superior, há também inúmeras mostras de como a ideologia pode sobrepor-se à razão.

 

O senhor daria um exemplo?


Existe um terrível preconceito nas universidades públicas contra o setor privado. Ali, qualquer contato com as empresas é visto como um ato de "venda ao sistema". Como se as instituições públicas fossem sustentadas por marcianos e não pelo dinheiro do governo, que vem justamente do sistema econômico. O resultado é que, distantes das empresas, as universidades se tornam menos produtivas e inovadoras.

 

Em muitos países, as universidades públicas cobram mensalidade dos estudantes que têm condições de pagar. Seria bom também para o Brasil? 


Sem dúvida. Só que esse é um tabu antigo no país. Se você defende essa bandeira, logo o identificam como alguém que quer privatizar o sistema. Preservar a universidade gratuita virou uma questão de honra nacional. Bobagem. É preciso, de uma vez por todas, começar a enxergar as questões da educação no Brasil com mais pragmatismo e menos ideologia.

 

Na semana passada, foi aprovado em São Paulo um novo plano de carreira para professores e diretores. Esse tipo de medida tem potencial para revolucionar o ensino nas redes públicas? 


Planos de carreira são essenciais para tornar essas profissões novamente atraentes, de modo que os melhores alunos saídos das universidades optem por elas. Sem isso, é difícil pensar em bom ensino. O plano de São Paulo não apenas eleva os salários, o que é um chamariz por si só, mas faz isso reconhecendo, por meio de avaliações, o mérito dos melhores profissionais. Ou seja: esforço e talento serão premiados, um estímulo que a carreira não tinha. A meritocracia consta de qualquer cartilha de gestão moderna, mas é algo ainda bem novo nas escolas brasileiras.

 

Os principais adversários do projeto foram os sindicatos desses profissionais. Que lógica há nisso?


É uma manifestação de puro corporativismo. Pela nova lei, só poderão pleitear aumento de salário aqueles professores assíduos ao trabalho - um pré-requisito mais do que razoável. É o mínimo esperar que, para alguém almejar ascender na carreira, ao menos compareça ao serviço. Apenas o sindicato não vê desse jeito. Ele encara as "faltas justificadas" como um direito adquirido. E ponto. Não quer perdê-lo. Mas repare que eu não estou dizendo que os professores ficarão sem esse direito. Só estou tentando fornecer um estímulo adicional para que eles deem suas aulas. O último levantamento que fizemos mostra que a média de ausências na rede estadual de São Paulo é altíssima: foram trinta faltas por docente apenas em 2008. Ao resistir a uma medida que premia a presença na escola, o sindicato dá mais uma mostra de como o espírito corporativista pode sobrepor-se a qualquer preocupação com o ensino propriamente dito.

 

"No lugar de ensinarem didática, as faculdades de pedagogia optam por perder tempo com discussões teóricas que, não raro, se baseiam em conceitos sem nenhuma comprovação científica"

O movimento sindical passa ao largo da preocupação com o bom ensino?


É exatamente isso. Está claro que os sindicatos estão focados cada vez mais no próprio umbigo e menos nas questões relativas à educação. Entendo, evidentemente, que lutem pelos interesses da categoria, propósito de qualquer organização do gênero. Mas a qualidade do ensino, que é de responsabilidade social deles, deveria vir em primeiro lugar. Em 1984, quando fui secretário da Educação em São Paulo pela primeira vez, já se via essa forte tendência nos sindicatos. Em reuniões com os professores, palavras como aluno ou ensinojamais eram mencionadas por eles. Apenas se discutiam ali os interesses da categoria. E esse problema só piora.

 

O que causa a piora? 


O movimento sindical politizou-se a um ponto tal que não se acham mais nele pessoas realmente interessadas em educação. Estas debandaram. Hoje, os sindicatos estão tomados por partidos radicais de esquerda sem nenhuma relevância para a sociedade. Para essas agremiações insignificantes, o sindicalismo serve apenas como um palanque, capaz de lhes dar uma visibilidade que jamais teriam de outra maneira. É aí que tais partidos aparecem e fazem circular seu ideário atrasado e contraproducente para o ensino. Repare que esses sindicalistas são poucos - e estão longe de expressar a opinião da maioria. Mas têm voz.

 

Com a nova lei fica determinado que, para pular de nível na carreira, o professor seja submetido a uma prova. Por que os sindicatos rejeitaram a ideia? 


É lamentável que um grupo de professores critique a existência de uma prova. Veja o absurdo. Eles alegam que um exame os obrigaria a estudar mais e que não têm tempo para isso. A crítica expressa também uma resistência à avaliação, que até hoje se vê arraigada em certos setores da sociedade brasileira.

 

Nisso o Brasil destoa de outros países? 


Em culturas mais individualistas e competitivas, como a anglo-saxã, as aferições do nível dos professores e do próprio ensino não são apenas bem-aceitas como têm ajudado a melhorar as escolas, na medida em que fornecem um diagnóstico dos problemas. Os professores brasileiros que agora resistem a passar pela avaliação certamente não estão atentos a isso. Sua maior preocupação é lutar por direitos iguais para todos - velha bandeira que ignora qualquer noção de meritocracia. Por isso, eles se posicionaram contra uma regra do projeto que limita o número de promoções por ano: não mais do que 20% dos profissionais poderão subir de nível. É um teto razoá-vel: evita um rombo no orçamento e, ao mesmo tempo, promove uma bem-vinda competição. Demandará mais empenho e estudo dos professores - o que não lhes fará mal.

 

No campo salarial, premiar o mérito significa romper com o conceito da isonomia de ganhos para todos os funcionários. Esse não é um valor que deveria ser preservado?


Não. Já é consenso entre especialistas do mundo todo que aumentos concedidos a uma categoria inteira, desprezando as diferenças de desempenho entre os profissionais, não têm impacto relevante no ensino. O que faz diferença, isso sim, é conseguir premiar os que se saem melhor em sala de aula. A isonomia é uma bandeira velha.

 

Há experiências no Brasil com a concessão de bônus aos melhores professores. Isso funciona?


Sem dúvida. Quando há um sistema feito para reconhecer e premiar os talentos individuais, a eficácia das políticas públicas para a educação aumenta. Coisa de quinze anos atrás, o Brasil estava a anos-luz disso. Não havia informação sobre nada - nem mesmo se sabia o número de escolas no país. O dado variava entre 190 000 e 230 000 colégios, dependendo da fonte. Hoje, já dá até para comparar o ensino de Capão Redondo, na periferia de São Paulo, com o das escolas da Finlândia. Desse modo, é possível traçar metas bem concretas para a educação e cobrar por elas - alicerces para uma boa gestão em qualquer setor.

 

Já se formou um consenso no Brasil de que esse é o caminho acertado? 


Acho que sim. Nos primeiros anos de governo Lula, os petistas chegaram a pôr em xeque a ideia de que a qualidade do ensino precisa ser aferida com base em dados objetivos. Foi um retrocesso. Mas hoje o MEC norteia suas políticas com base em avaliações, metas e cobrança de resultados. Diria que eles chegam até a exagerar na dose, divulgando rankings que, como ministro, eu mesmo preferia não trazer a público. É o caso do Enem.

 

O Enem não é um bom indicador da qualidade do ensino em escolas públicas e particulares? 


O problema é que, como só faz o exame quem quer, ele não necessariamente traduz a qualidade de ensino na escola como um todo. E se apenas os bons alunos de determinado colégio se submeterem à prova? O retrato sairá distorcido. Grosso modo, o Enem até espelha bem a realidade. Mas, como a amostra de alunos de cada escola é aleatória, há espaço para que se cometam injustiças. Em tese, qualquer colégio particular que se sentisse prejudicado pelo ranking poderia processar o MEC. De modo geral, porém, sou absolutamente favorável a que se lance luz sobre os resultados. O monitoramento deve ser constante.

 

No começo do ano, flagraram-se em material que seria distribuído às escolas pela Secretaria Estadual da Educação erros crassos, tais como a inclusão de dois Paraguais num mapa da América 
do Sul. Faltou fiscalização por parte do governo?


Sem dúvida. Ainda que o material não seja produzido pela secretaria, é de responsabilidade dela que não passem erros. Não há o que argumentar aí. Depois do episódio, os cuidados foram redobrados. Cada livro é revisado de três a quatro vezes. Apostila com erro é um desserviço à educação - e desperdício de dinheiro público.

 


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